Sim, eu rezava! Eu sentia essa
necessidade e mesmo com todas as minhas dúvidas, eu nunca perdi minha fé. O
tempo foi passando, eu tinha esperanças e fé que um dia eu iria conseguir o que
eu e meu esposo desejávamos, o melhor para todos nós. Eu nunca esperei por
governos ou por sonhos que eu nem sequer sonhava, eu sempre fui mais de
idealizar projetos e procurar fazer de alguma forma que eles se tornassem
realidades. Lógico que às vezes tinha ajuda dos mais próximos e sempre procurei
fazer por onde merecer, rezava por mim, pelos meus e por todos que estavam
próximos de mim, mesmo que às vezes eu parecesse uma pessoa adversa daquilo que
eu sentir.
Eu continuava brigada com a
igreja, mas meus votos eu praticava em silêncio, como sempre a vida arma
armadilhas, em 1996 meu sogro faleceu e depois meu esposo saiu do banco em que
trabalhou alguns anos. Foram dois baques, o primeiro o tempo cura, mas o
segundo foi muito crucial e levou certo tempo para curar. Eu vivia dobrando os joelhos,
rezando para tudo serem logo resolvidas, brigas trabalhistas são terríveis e em
longo prazo.
Enquanto isso a vida seguia, as
crianças cresciam, os problemas aumentavam, mas minha fé e coragem para lutar
não tinha fim. Em 1999 saiu à primeira parte da causa trabalhista e resolvemos
nos mudar de casa, era um dos nossos projetos sendo realizados, compramos
nossa casa, era uma sensação maravilhosa, nunca mais ninguém iria me expulsar
de onde eu estava morando dizendo que a casa não era minha. Agradeci a Deus e a
N.S.P. S, ai eu decidi voltar à igreja para agradecer e pagar uma promessa que
eu tinha feito e fui. Fiz tudo, fiquei feliz, voltei novamente a frequentar as
missas e novenas. E vi o quanto eu me sentia feliz indo a igreja, rezar, cantar, comungar, quanto o que os padres pensavam sobre meus filhos eu não de mais importância, passei a deixar que Deus me julgasse, afinal eles eram filhos de Dele e de um casamento legal diante a justiça dos homens.
Estávamos todos alegres com uma nova
vida e confortável. Mas no meio de toda essa alegria existia também uma grande
tristeza, minha sogra estava muito doente e já estava desenganada pelos
médicos, algumas pessoas nos julgaram quando nos mudamos, mas nós nunca
deixamos de fazer o que tínhamos de fazer e fizemos. Eu fiquei com ela vários e
vários dias no hospital e lá eu rezei, e como rezei, chorei, briguei pelos
direitos dela e por fim quando vi que nada mais restava eu me debrucei sobre
ela e pedi perdão por nossas brigas, minha falta de experiência e paciência e
poderíamos ter vivido melhores, pois amávamos o mesmo homem. Sei que ela me
perdoou mesmo estando em coma, pois eu a senti apertando minha mão depois de eu
ter rezado uma novena de N. S. P. S para ela. Ela faleceu, eu chorei muito e
mais uma vez pedi colo do Senhor Jesus, eu estava muito triste e vira o quanto
de tempo e oportunidades eu perderá por ignorância, orgulho e sem por em
prática de verdade os ensinamentos que Ele nos ensinou. “Egoísmo”, o pior de
todos os males. Muitas vezes por egoísmo
pratiquei a estupidez, insensatez, orgulho... Quase virou um “câncer” da alma,
mas graças a Deus fui salva pelo conhecimento e a dor.
O tempo como sempre não para,
segue, vai embora, eu também tinha que ir, eu continuava indo as reuniões
espiritas e as missas, as novenas, eu nunca deixei de ser
católica, às vezes eu me questionava se aquilo era certo, mas eu seguia meu
coração. Na casa espírita eu fiz vários estudos e comecei mais do que nunca a
viver um novo Deus, um novo Jesus, uma nova visão, uma nova esperança, uma nova
vida. Estava feliz. Eu tinha novos amigos, minha mente foi abrindo-se e as
perguntas começaram a ecoar eu precisava de respostas, respostas... O
espiritismo me deu o que eu precisava e procurava. Meus filhos também
frequentavam e meu esposo ia junto. Houve um período que eu ia para a missa e
quando saia ia direto para a casa espírita. Foi um período bom, mas que eu
escutei algumas indiretas de pessoas que não sabiam o que eu estava vivendo
intimamente e diziam que eu não deveria servir a dois Deus, e eu respondia, mas
como, até onde eu sei só existe um Deus, e Ele é único e onipresente. Agora
como é divulgado é outra história. Não liguei e fiz o que o meu coração pedia e
o que minha fé queria... Continua
Texto e foto de Francisca Uchôa
Souza.
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