III ato
Mais uma vez o tempo passou e com ele
eu cresci e fiquei jovem, cheias de sonhos, rebelde, aprendendo a ver a vida de
outra forma, confusa, um dia era criança e de repente era uma jovem cheia de
expectativas, vontades e medos.
Conheci novos amigos, agora eu ia
muito mais além das casas dos vizinhos ia à busca de sonhos, conquistas,
desejos, aventuras. Vivia em amizade com novos primos que vieram de outra cidade
para morar aqui. Era uma turma grande e muito boa no meio dessa turma tinha dois
primos roqueiros com eles descobri o Rock, a música vamos dizer assim; Metal. Lá fora era
época dos novos sons que aos poucos foram chegando a nossa cidade no meio de
tantos gostei de Pink Floyd, Alice Cooper, Queen, The Who e outros mais...
Quase virei hippie.
O tempo não perdoa, continuou
passando e com ele levando sonhos. Mas também trazendo novas esperanças e novas
expectativas, novos horizontes. Tudo foi ficando guardado, armazenado, quieto.
Um dia casei, construí família. As
lembranças, as histórias todas guardadas, quietas em silêncio. Já se passara
muito tempo e um dia passando em frente a uma loja de discos no centro da
cidade vi que a mesma estava em liquidação. Parei, e percebi que estavam
liquidando somente os disco de vinil, o famoso “bolachão”. Havia cestas e
cavaletes com vários discos e eu me propus a procurar por algo que me chamasse
atenção. E achei! Encontrei vários discos e alguns álbuns que me fascinaram
entre eles comprei o álbum da ópera o Guarani, o Barbeiro de Sevilha, Clássicos
Inesquecíveis, José Carrera e Caballé, gente que eu ainda não conhecia e nunca
tinha ouvido falar, muito mais ouvira. Mas aprendi a conhecê-los, ouvindo e pesquisando.
Em 1996 acho que no mês de fevereiro
eu e minha filha passávamos perto do Teatro Amazonas percebemos uma
movimentação e nos dirigimos para lá. Chegando à Praça São Sebastião (assim era
chamada) vimos várias pessoas e muita agitação, procurei saber do que se
tratava e descobri que seria uma apresentação do Tenor José Carreras. Era a
festa do centenário do Teatro Amazonas (até o Presidente Fernando Henrique
estava aqui). Feliz radiante eu decidi assistir aquele momento, não iria perder
a oportunidade de conhecer um dos grandes Tenores que no momento estava em foco
na mídia. A Praça estava lotada e no meio daquilo tudo havia pessoas fazendo
“politicagem” incitando com palavras contra o governo do momento, mas isso é
outra história. Assistimos, foi dez, vi pela primeira em um palco de teatro
(claro que pelo telão que lá estava) um momento único, encantador, um tenor
cantar. Fui pra casa feliz e com novas descobertas.
Houve uma passagem de tempo que eu
não tenho muita certeza da data, mas acho que foi em 1997, eu e uma amiga fomos
algumas vezes para apresentação de músicas clássicas no Teatro Amazonas, eram sempre aos domingos e de manhã, eram
interessantes aquelas apresentações, o maestro sempre falava o nome da
composição o compositor, onde ocorreu, porque, os instrumentos usados naquela música
e apresentava um a um. Assim conheci vários instrumentos e seus sons e hoje consigo distinguir quando tocados.
Em 1998 eu assisti pela primeira uma
ópera, foi na Ponta Negra, Tosca e ali eu conclui que nunca mais eu iria deixar
de amar aquilo tudo. Uma vez ouvi alguém dizer que ópera quando você assiste
pela primeira vez “você ama ou odeia”. Eu amei! No Teatro Amazonas houve
apresentação de Fosca. Eu continuava a não entender de nada de ópera, mas aos
pouco aqui, ali, fui procurando entender e descobrir como aquilo funcionava.
Comecei a participar indo aos eventos, guardava os encartes e depois fazia
pesquisas sobre aquela ou outra ópera.
Um dois ou três anos não foi possível
eu participar, mas acompanhava pelos jornais ou alguma noticia pela TV. Em
determinados eventos descobria que eu já ouvira aquela música e eu gostara.
Músicas que eu ouvira outrora em filmes ou em alguma novela e eu amara, minha
alma ficara feliz e dançara, era assim, é assim até hoje.
Quando assisti Gianni Schicchi de Giácomo Puccini baseado num episódio do Inferno de Dante, fiquei muito
emocionada, eu lera há muitos anos atrás e vira o filme “A Divina Comédia”, em
2008 assisti Ça Ira com Roger Walters um dos integrantes de Pink Folder, como
eu poderia pensar em algum dia ver tão de perto um integrante de uma banda que
quando jovem eu cantara e dançara? Quando?
Em 2009 outra emoção, vi de perto uma
dança de Can Can. Também assisti outras como o Anel de Nibelungo, Carmina
Burana (que todas às vezes choro de emoção, mexe comigo) Romeu e Julieta, A
Cinderela, Sansão e Dalila, Carmen, O Barbeiro de Srevilia, A Flauta Mágica,
Aida, O Guarani, O Navio Fantasma... E tantos mais. Também passei a apreciar
os recitais sempre que posso, é sereno.
Este ano estou na expectativa de
assistir Percival e curti uma participação de Queen (de novo o rock na ópera) e
eu na certeza que não foi ruim ter conhecido este estilo um dia. É claro que eu
continuo a não entender muito de ópera, mas já posso conversa um pouquinho
sobre o assunto, às vezes é confuso, mas devagar eu procuro me inteirar do
assunto.
Hoje posso falar uma coisa com
certeza eu amo ópera, amo adentrar naquele teatro (Teatro Amazonas) e sentir
aquele cheiro de cultura, música (é, música também tem cheiro, pelo menos para
mim) parece outro mundo, é outro mundo. Gosto de ouvir o som do violino, do
piano, da harpa... Gosto de gritar Bravo, Bravo, Bravo!...
Aprendi a gostar de Jazz, mesmo antes
do Festival que aqui tem, foi assistindo filmes antigos, Blues, Louis Armstrong
nossa! Assim a ópera, jazz, blues, rock e
outros gêneros entraram na minha vida. Agradeço ao cinema, as novelas, aos
livros, as revistas, às pessoas que direta ou indiretamente me deram isso tudo.
Quem sabe um dia eu possa assistir uma ópera rock chamada TOMMY, já vi o filme em minha juventude).
Na expectativa de mais uma nova
temporada que vem chegando.
Texto por Francisca Uchôa
Souza.
Meus discos e CDs.
Bandas que curti nos anos 70.Fotos de pesquisa do Google.
Meus encartes das óperas que assisti.
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