terça-feira, 11 de agosto de 2015

Egoísmo

E minha saudade virou água, rio de água salgada. Minha alma ficou em desespero e por não saber nadar, afogou-se nesse mar de lágrimas quente e num último ato de consolação viu meu coração que mesmo partido e ferido de morte nadava contra a correnteza da desilusão em busca de uma salvação. 

E assim, os dois se encontram e se agarraram em uma tentativa de me salvar, pois de mim dependiam para uma vida continuarem. A mim não mais interessava nesta vida continuar. Gritaram por socorro, debatiam-se na tentativa que eu os escutassem.
Eu nada ouvia, via, sentia, meu corpo estava inerte em uma banheira, meus olhos vidrados no teto, não se mexiam, a luz que neles existiam estava afinando, se estreitando.
Era a morte que vinha, chegava devagarinho, observando, atenta para o último instante, aquele que sem misericórdia ela ceifa a vida de quem a escolhe.
Meu anjo a tudo assistia, mas sabia que nada podia fazer, para que eu não perecesse, pois eu havia posto em prática o livre arbítrio, que Deus por misericórdia nos deu.
E a morte sorria, sabia que venceria.
Meu coração e minha alma penavam, lutavam e se desesperavam, sentiam o fim, e meu corpo o mesmo sentia ficando frio.
E o mar de lágrimas tornou-se escuro em um vermelho profundo e tudo acabou, apagou.
Últimas lembranças, você.
Não conseguia mais deslumbrar seu semblante, mas eu sabia que era você.
Tudo acabou, terminou, é o assassinato de um amor que por egoísmo, não perdurou, não vingou.
Mesmo assim, ainda hoje, escuto o toque deste coração perdido, que em algum lugar ainda vive.  

Texto e postagem de Francisca Uchôa Souza