sábado, 22 de setembro de 2012

Religião, uma questão de escolha ou... Parte III


Meu coração pedia paz, e eu seguia procurando, minha fé pedia conhecimento e eu seguia perguntando... Houve uma calmaria em minha vida, mas eu me questionava com a vida que eu levava, sentia às vezes medo, vergonha, insegurança quando alguém perguntava que religião eu frequentava, às vezes eu dizia “católica” e algumas vezes eu dizia “espírita” e assim eu seguia, qualquer resposta que eu desse eu tinha sempre alguma repulsa e algumas vezes eu ouvia criticas, acabava sempre triste e aborrecida. Era uma coisa muito, muito chata e por muito tempo vivi querendo ficar bem com um ou com outro e eu ruim. Mas eu contornava da melhor maneira possível às situações e via o quanto o ser humano é egoísta quando ele não tem preparação para aceitar as coisas como são. Não! É assim até hoje, se você estiver fora do sistema o azar é teu.
Minha vida seguia e eu tinha que trabalhar muito para ajudar meu marido, pois, a família continuava grande e as necessidades aumentando, nunca culpei governos, parentes, vida ou Deus ou o diabo por meus problemas principalmente financeiros, sempre procurei resolver da melhor forma possível. Nunca culpei também religião e foi através do sofrimento e com ajuda dos esclarecimentos espíritas que aprendi que colhemos o que plantamos, houve uma fase que eu fui para o “fundo do poço” e lá eu vivi um verdadeiro inferno construído por mim mesma. Na casa espírita eu conheci duas pessoas maravilhosas que fizeram tudo por mim, no sentido espiritual, ajudaram-me com cursos e esclarecimentos, uma delas uma vez pergunto: - Você quer conhecer de verdade quem é o verdadeiro culpado por toda a sua dor e sofrimento? Ou você quer se omitir diante desse fato e fazer de conta que Deus ou o demônio são os culpados? Lógico que eu não tive medo de querer enfrentar o inimigo de perto. E o inimigo estava tão perto, mas tão perto que eu não tinha campo de visão. O inimigo era eu mesma. Fui ensinada a trabalhar minha pessoa “Orai e vigiai” primeira regra. Nunca mais esqueci. Pode até parecer que eu era uma pessoa terrível, não assim no sentido maligno, sempre procurei ser honesta e sempre preservei valores, a visão de religião e suas consequências, é que me faltava. Eu ia à igreja eu ia a casa espírita, mas não colocava muito em prática, ouvia, via, enfim estava fazendo igual à música “não adianta ir à igreja e fazer tudo errado, você quer as coisa de frente, olhando de lado”, era assim.
Eu tinha ânsia de viver, e logo, parecia que eu iria morrer em seguida. Mas a vida me ensinou juntamente com os ensinamentos espíritas e porque não até os católicos. Um dia recebi meu irmão em casa porque ele estava muito mau de saúde, o que me deixou apreensiva e sem saber por que ele escolheu ficar comigo, já que ele frequentava mais a casa de minha outra irmã que mora bem ao lado de mim. Posso contar nos dedos às vezes que ele foi a minha casa e posso garantir que não enche uma mão. Mas foi assim. Ele chegou e pediu ajuda, eu ajudei e tenho certeza hoje em dia que ali começava meu aprendizado em caridade, amor sem olhar a quem, " Deus entre linhas", dor. Que nada é por acaso, que não existe coincidência. Que Deus é misericordioso e que até na dor Ele estar presente. Fiz minha parte e mais uma vez vi a morte de perto e com ela a dor da perda, meu irmão mesmo que não frequentasse muito minha casa ele estava presente em minha vida desde muito cedo, com ele aprendi amar a leitura, filmes e música. Chorei e mais uma vez o tempo sarou as feridas, até hoje me lembro dele, principalmente quando leio, escuto uma música ou vejo um filme que eu sei que ele adoraria estar ali. Ele era muito inteligente um autodidata em muitos assuntos. Saudades! E sempre estar comigo.
Parece que em minha vida, todas as pessoas que mais me ensinaram foram embora. O tempo passou e com ele o vento soprou para longe as dores. Mas a vida continuava pregando peças e mais uma vez eu perdi. Perdi pessoas amadas, queridas, que me ensinaram a ver o mundo em uma visão totalmente diferente que eu via antes. Sofri, chorei e por fim sem saber como seria minha vida sem elas eu reneguei tudo. Pronto! Lá estava eu novamente perdida. Sem vontade de viver. Eu não acreditava mais em vida após a morte, que tudo é uma ilusão e nada resta além do pó. Talvez eu pensasse assim porque fui pega de surpresa, uma das pessoas que eu tinha perdido era a pessoa que mais me ensinou a conhecer a mim mesma e conhecer um Deus de amor, paz, disse-me que nós é que nos punimos que temos livre arbitro. Como eu ia seguir se eu sabia que as lições não tinham acabado? Fiquei por um bom tempo sem ir à igreja e a casa espírita. Fiquei errante. Mas minha fé eu sentia dentro de mim, eu sabia que não deveria ter aquela atitude, mas eu parecia criança tola quando sabe que não deve fazer algo de errado e mesmo assim pratica. Eu e uma dessas pessoas que desencarnou, estávamos tão ligados em nossos estudos que às vezes brigávamos (mas eu) no sentido de questionamentos e respostas. No nosso último encontro “ela” pediu-me um abraço e eu neguei, estava chateada e tinha medo, pois através dos estudos de um curso especifico descobri que tínhamos um laço do passado e que eu tinha sido vitima “dela”, estava confusa. E agora? Nossas vidas estavam separadas, chorei, sofri muito, queria morrer e ir ao encontro “dela” e dar aquele abraço negado. Aos poucos fui procurando sair daquele inferno em que eu me encontrava, eu tinha todas as ferramentas em minhas mãos, eu tinha algum conhecimento, eu sabia como fazer e como não fazer para agravar mais aquela situação. Parei. Fiquei certo tempo quieta. Viva, o suficiente para a vida material que eu tinha. Aos poucos voltei a rezar, rezava as orações ensinadas e aprendidas na igreja católica, principalmente a oração Pai-Nosso a única ensinada por Jesus. E orava também as orações que estão no livro do Evangelho segundo o Espiritismo. Nas casas espíritas não se ensina nenhuma oração, apenas aprendemos a orar com as nossas palavras evocando sempre Deus Pai e Jesus, pois assim aprendemos a linguagem do amor.
A caminhada seguiu e eu mesmo sem ir à igreja e a casa espírita eu sentia que a dor, o arrependimento estavam concretizados em mim. Um dia voltei, para as duas casas de orações.
Tinha feito às pazes comigo mesma, aprendi através da dor tudo que hoje procuro colocar em pratica comigo e meus semelhantes. Foi preciso muitas idas e vindas, muitas orações e reparações, eu estava ficando alerta, não queria mais tá brigando com ninguém, estava cansada daquilo tudo. Voltei à igreja e agora já ouvia o Sermão do padre de outra forma, ia casa espírita (agora sem fazer mais cursos) para ouvir as palestras e sentia paz espiritual. Mas digo, nunca mais aquela casa espirita foi à mesma pra mim. Meus filhos choraram e para eles não perderam só um instrutor foi muito mais do que isso. Sei que isso parece idiotice já que temos o conhecimento de que um dia ainda vamos nos encontrar. E claro que a casa espírita é muito além daquela pessoa. Vai passar, eu sei! Ainda carrego uma certa dor, que afina aos poucos.
Mas a minha história com as religiões e fé ainda não tinha acabado no sentido de firmar meu credo. Eu já estava numa fase de começo de firmação de fé, não sentia mais vergonha de demonstrar que eu tinha mais de uma religião e também não tinha mais medo de sentir constrangimento diante de alguém que jogasse na minha cara que eu era uma herege (ouvi isso uma vez de alguém). Assim, comecei a colocar em pratica os ensinamentos do Senhor Jesus, através da religião católica e do espiritismo (mesmos que muitos não acreditem no espiritismo praticamos os ensinamentos de Jesus). Aqui, ali, acolá eu encontrava (e ainda encontro) pessoas que me criticavam e não se conformavam ou simplesmente não respeitavam minha escolha, minha fé. Fazer o quê? Eu seguia. Um dia fui surpreendida pela a pessoa que um dia me mostrou o caminho da casa espírita. Ela havia mudado de religião, ela é uma pessoa que passou por muitas dificuldades matérias, espirituais e sentimentais, era como eu no sentido religioso, frequentava a igreja e o espiritismo. Enfim, ela mais uma vez tinha mudado e dessa vez segundo ela para a religião certa, a verdadeira, a religião que salva, pois através dela a pessoa vive o verdadeiro Deus e Jesus. Até ai tudo bem, nada demais, cada religião tem os seus preceitos e cada pessoa vive aquilo que ela acha que é melhor pra ela. Mas daí a pessoa simplesmente chegar na tua cara e dizer que daquele dia em diante ela só vai querer ter amizades com pessoas que falem em Jesus e frequente a sua religião. Nossa! Fiquei abestalhada (como dizemos nós amazonense) e o pior foi quando fui a casa dela para conversarmos melhor e vir de perto o que realmente estava acontecendo, fui surpreendida novamente, com uma tentativa de exorcismo e lavagem cerebral para eu mudar minhas convicções religiosas. Aí foi demais! Ouvi, até participei do que eu achava que era um absurdo e sai da casa dela muito, muito triste, ferida na alma, no coração, humilhada... Totalmente sem saber o que realmente tinha acontecido ali, era um pesadelo. E o pior por que eu participei daquela presepada. Onde foram parar os trinta e tantos anos de amizade? Quem era agora aquela pessoa? Que dor, decepção, perda, ganho... Aquela pessoa tinha sofrido? E eu? Será que eu mais uma vez estava perdendo alguém que eu tanto amava? Até hoje não sei se perdi ou se ganhei. Segundo meu marido que viu minha tristeza e decepção, eu não tinha perdido uma amiga, pois na verdade ela nunca teria sido uma para mim. Amigos respeitam as escolhas de seus amigos e se eles não fazem partem ou não apoiam suas escolhas eles pelos menos devem respeitar. Fiquei em estado de choque, ainda tivemos algumas conversas, mas percebi que mesmo que eu respeitasse suas escolhas, seus pensamentos e sua nova trajetória rumo a sua salvação eu não tinha mais lugar em sua vida.
Depois de algum tempo percebi o porquê daquilo tudo, eu representava um passado do qual ela não queria mais lembrar. Eu era um pecado, uma lembrança contaminada, e como ela não me conseguira “salvar” eu tinha que ser descartada de sua nova vida. Tudo bem, cada um segue seus caminhos e eu não faço a questão de atrapalhar ninguém. Fiquei na minha e percebi que naquela confusão toda tinha algo de verdade, pelo menos para mim, eu tinha consolidado minha fé, eu agora sabia realmente o que eu queria e nunca mais deixaria alguém dizer que eu estava errada. Ora, afinal o que é a verdade? Quem é o dono dela? Só sei dizer que não me deixei mais me abater e segui. Aprendi no espiritismo que a Salvação é pessoal, individual.
Nunca, nunca mesmo fiquei com raiva dela, sempre vou amá-la e torcer para que ela seja muito feliz, mas evitei contato eu sabia que eu seria sempre convocada a mudar de religião e blá, blá, blá... Hoje nos falamos quando nos encontramos nos corredores dos shops, dos hospitais, da vida... Sei que aquela fase de deslumbramento e fanatismo dela passou, já houve oportunidade de conversarmos sobre o assunto, mas eu respeitei e calei-me diante de suas descobertas. Não espero pedidos de desculpas,  até porque acredito que não tem o que desculpar, mas acredito que o silêncio é a melhor forma para aliviar a dor da decepção, da perda e da descoberta que nem sempre somos donos do que achamos que é verdade. Deixa quieto! E a vida seguiu como sempre, perdi amigos de todas as formas, não importa, pois eu acredito em ciclos de vidas e com eles vêm novas vidas. E vieram! Continua...
Texto de Francisca Uchôa Souza.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Religião,uma questão de escolha ou...Parte ll


Sim, eu rezava! Eu sentia essa necessidade e mesmo com todas as minhas dúvidas, eu nunca perdi minha fé. O tempo foi passando, eu tinha esperanças e fé que um dia eu iria conseguir o que eu e meu esposo desejávamos, o melhor para todos nós. Eu nunca esperei por governos ou por sonhos que eu nem sequer sonhava, eu sempre fui mais de idealizar projetos e procurar fazer de alguma forma que eles se tornassem realidades. Lógico que às vezes tinha ajuda dos mais próximos e sempre procurei fazer por onde merecer, rezava por mim, pelos meus e por todos que estavam próximos de mim, mesmo que às vezes eu parecesse uma pessoa adversa daquilo que eu sentir.
Eu continuava brigada com a igreja, mas meus votos eu praticava em silêncio, como sempre a vida arma armadilhas, em 1996 meu sogro faleceu e depois meu esposo saiu do banco em que trabalhou alguns anos. Foram dois baques, o primeiro o tempo cura, mas o segundo foi muito crucial e levou certo tempo para curar. Eu vivia dobrando os joelhos, rezando para tudo serem logo resolvidas, brigas trabalhistas são terríveis e em longo prazo.
Enquanto isso a vida seguia, as crianças cresciam, os problemas aumentavam, mas minha fé e coragem para lutar não tinha fim. Em 1999 saiu à primeira parte da causa trabalhista e resolvemos nos mudar de casa, era um dos nossos projetos sendo realizados, compramos nossa casa, era uma sensação maravilhosa, nunca mais ninguém iria me expulsar de onde eu estava morando dizendo que a casa não era minha. Agradeci a Deus e a N.S.P. S, ai eu decidi voltar à igreja para agradecer e pagar uma promessa que eu tinha feito e fui. Fiz tudo, fiquei feliz, voltei novamente a frequentar as missas e novenas. E vi o quanto eu me sentia feliz indo a igreja, rezar, cantar, comungar, quanto o que os padres pensavam sobre meus filhos eu não de mais importância, passei a deixar que Deus me julgasse, afinal eles eram filhos de Dele e de um casamento legal diante a justiça dos homens.
Estávamos todos alegres com uma nova vida e confortável. Mas no meio de toda essa alegria existia também uma grande tristeza, minha sogra estava muito doente e já estava desenganada pelos médicos, algumas pessoas nos julgaram quando nos mudamos, mas nós nunca deixamos de fazer o que tínhamos de fazer e fizemos. Eu fiquei com ela vários e vários dias no hospital e lá eu rezei, e como rezei, chorei, briguei pelos direitos dela e por fim quando vi que nada mais restava eu me debrucei sobre ela e pedi perdão por nossas brigas, minha falta de experiência e paciência e poderíamos ter vivido melhores, pois amávamos o mesmo homem. Sei que ela me perdoou mesmo estando em coma, pois eu a senti apertando minha mão depois de eu ter rezado uma novena de N. S. P. S para ela. Ela faleceu, eu chorei muito e mais uma vez pedi colo do Senhor Jesus, eu estava muito triste e vira o quanto de tempo e oportunidades eu perderá por ignorância, orgulho e sem por em prática de verdade os ensinamentos que Ele nos ensinou. “Egoísmo”, o pior de todos os males. Muitas vezes por egoísmo pratiquei a estupidez, insensatez, orgulho... Quase virou um “câncer” da alma, mas graças a Deus fui salva pelo conhecimento e a dor.
O tempo como sempre não para, segue, vai embora, eu também tinha que ir, eu continuava indo as reuniões espiritas e as missas, as novenas, eu nunca deixei de ser católica, às vezes eu me questionava se aquilo era certo, mas eu seguia meu coração. Na casa espírita eu fiz vários estudos e comecei mais do que nunca a viver um novo Deus, um novo Jesus, uma nova visão, uma nova esperança, uma nova vida. Estava feliz. Eu tinha novos amigos, minha mente foi abrindo-se e as perguntas começaram a ecoar eu precisava de respostas, respostas... O espiritismo me deu o que eu precisava e procurava. Meus filhos também frequentavam e meu esposo ia junto. Houve um período que eu ia para a missa e quando saia ia direto para a casa espírita. Foi um período bom, mas que eu escutei algumas indiretas de pessoas que não sabiam o que eu estava vivendo intimamente e diziam que eu não deveria servir a dois Deus, e eu respondia, mas como, até onde eu sei só existe um Deus, e Ele é único e onipresente. Agora como é divulgado é outra história. Não liguei e fiz o que o meu coração pedia e o que minha fé queria... Continua

Texto e foto de Francisca Uchôa Souza.



domingo, 16 de setembro de 2012

LUTO

Hoje de madrugada acordei e perdi o sono, nada de novo, às vezes isso acontece comigo, agora nunca pensei que um dia isso iria acontecer por causa da loucura que fizeram com uma árvore que ladeava um dos locais mais lindo e bem frequentado por todos que amam a cultura, bem-estar, beleza e um pouco de natureza. Infelizmente naquele local a natureza é pouca representada e as poucas árvores que existem não são suficientes para amenizar o calor quase insuportável que ali se estalou.
Eu particularmente tenho pouco frequentado aquele espaço, além da quentura, onde deveria jorrar jatos d'água, é seco. E além do mais, deveria ser um espaço com bastante canteiros e fontes de água, mas que nada. Sempre que vou ao centro passo por lá, mesmo quente eu amo aquele lugar.
Pois agora, no fim de semana, não sei quem de verdade mandou cortar uma bela e frondosa árvore que ali existia, uma mangueira. O interessante são as versões; doença, cobria a visão do teatro e agora dizem que o espaço vai ser ocupado por um quiosque.
Na verdade nada justifica tal atrocidade. Se a árvore estava doente porque que não trataram dela primeiro? A árvore cobria a visão do teatro ( que é um absurdo, pois o mesmo é no alto e sua arquitetura é imensa) isso quer dizer que logo vão cortar todas as outras, pois dependendo do ponto de vista, cada árvore encobri o teatro ou alguma parte dele. Quem fica no centro da Praça não consegue ver todo o teatro, e aí? Vão cortas todas aquelas que fazem um círculo na praça?
Se vão ocupar o espaço da árvore com um quiosque, isso é certo? Quem vai lucrar? Quem é essa pessoa que vai querer viver no espaço de uma árvore e ter seu negócio questionado? Eu nunca comprarei alguma coisa lá e também nunca vou esquecer o que aconteceu, minha memória não é curta. E sempre vou estar lembrando para todos.
Não dormi mais e estou imensamente triste e de LUTO!

Escrito por Francisca Uchôa Souza