quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A desordem mental.


A desordem mental.
Sentir o âmago no fundo do estomago, a ânsia desesperadora de vomitar de colocar tudo pra fora em uma volúpia de amor e ódio que torna tudo muito mais perfeito para um passo da loucura e o desejo de ver a morte em ti, desparecido da face da terra dos sonhos que muitas vezes são mais  pesadelos que propriamente sonhos juvenis ou infantis como aqueles que se tinha quando criança acreditando ainda na pureza das pessoas.
E a raiva, o desabono por alguém que um dia foi propriamente dito como a verdade o exemplo de uma vida que só poderia ser vivida em um mundo paralelo ao real, pois um dependia do outro.  A razão era sempre calada, amordaçada e colocada de lado para não ter que se tornar verdadeiro num mundo de fantasias (mentiras), mas que quase sempre superava o real para poder dar vida, vidas àquelas que dela nutria.
O pesar, cogita a vontade de se instalar na alma ou no peito. No peito, ele apertará o coração ao ponto de torná-lo endurecido causando assim uma morte súbita pondo o fim de um ato que poderia ter se tornado mais profundo sensível, marcante, vivo. Na alma, ele sabe que mesmo depois da morte do corpo ele perdura para todo o sempre a fazendo arraste-se em longas caminhadas através dos tempos e o ranger dos dentes, até que um dia, se tornará novamente carne e ele verá uma nova oportunidade de tornar real a possibilidade de viver o amor sofrido, falido, agora vivo e nutrido em uma outra matéria que carrega o estigma de ser escravo vivo.
Fingir que nada de errado está acontecendo é muito mais fácil, mas ir para frente de batalhas e nelas permanecer para cogitar os erros e acertos é uma questão de razão e emoção, muitas vezes sabe-se que vai durar a batalha e a espera é bastante cansativa até mesmo para uma pessoa que está acostumada viver na esperança de que o outro perceba o quanto é importante àquela batalha, aquela luta mesmo que a pessoa não participe diretamente, desta luta que é na realidade é apenas de uma, mas que poderia deixar de existir se juntos unirem os esforços.
Sentir vontade de gritar, esbravejar, afrontar, jogar na cara da mentira a verdade, é uma sanha quase sempre pensada, mas sempre cogitado antes de se tornar real o fato. É necessário que se ache um meio termo para que isso não termine em loucura, muitas vezes é pensada a possibilidade de um acerto pacifico e solidário. Mas o outro não dá possibilidades, seguem-se vidas em rancores e temores. O silêncio não torna vidas em paz. Há um barulho mental.

Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza.
Desenho gráfico de Francisca Uchôa Souza
 

 

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

1889 - LAURENTINO GOMES

 
 
Nas últimas semanas de 1889, os tripulantes de um navio brasileiro ancorado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka), foram pegos de surpresa pela notícias que chegavam do outro lado do mundo. "Brasil República...", anunciava o telegrama recebido pelo almirante Custódio José de Mello, comandante do cruzador Almirante Barroso. "Bandeira mesma sem coroa...", acrescentava a mensagem. Despachado do Rio de Janeiro, o telegrama só confirmava os rumores que a tripulação  tinha ouvido na escala anterior, na Indonésia. Dizia-se que o governo do Brasil havia sido derrubado. Mais do que isso, o país passara por uma drástica mudança de regime. O Império brasileiro, até então tido como o mais estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de história, desabara na manhã de 15 de novembro. A Monarquia cedera lugar à República. O austero e admirado imperador Pedro II fora obrigada a sair do país. Vivia exilado na Europa, banido para sempre do solo em que nascera. Enquanto isso, os destino da nova República estavam nas mãos de um marechal já idoso e bastante doente, o alagoano Manuel Deodoro da Fonseca, considerado até então um monarquista convicto e amigo do imperador desposto.
 
LAURENTINO GOMES  
 
Postado por Francisca Uchôa Souza -
 
Foto de Francisca Uchôa Souza