terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Mar de lágrimas

E minha saudade virou um mar de lágrimas.

Minha alma sem saber nadar, lutou para não se afogar.
Meu coração em desespero ferido de morte nadava contra a correnteza de uma vida de incertezas.

E minha saudade virou um mar de lágrimas.
E mesmo que eu quisesse sobreviver já não mais podia.
Agora era viver, ou melhor, morrer nessa desilusão.
A ti não mais pertencia à vontade de viver junto a mim.

E minha saudade virou um mar de lágrimas.
Agora era partir e seguir sem ter tido a chance de um dia vencido.
Adeus era a melhor coisa acontecer.
Seriamos um dia amigos?
E minha saudade foi engolida pelo mar de lágrimas.

Escrito por Francisca Uchôa Souza 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Saudades

"O que eu digo pra Saudade que insiste em perguntar - Cadê você?"
                    - Uchôa Souza-
  Postagem de Francisca Uchôa Souza

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A Guerra dos Tronos

Will já sabia que o arrastariam para a discussão mais cedo ou mais tarde. Desejou que tivesse sido mais tarde.
- Minha mãe me disse que os mortos não cantam - contou Will.
- Minha ama de leite disse a mesma coisa, Will - respondeu Royce. - Nunca acredite em nada do que ouvir junto ao peito de uma mulher. Há coisas a aprender mesmo com os mortos - sua voz criou ecos, alta demais na penumbra da floresta.

# Do livro - A GUERRA DOS TRONOS - As crônicas de gelo e fogo, Livro Um de George R. R Martin, pág 7.

Postagem e foto  de Francisca Uchôa Souza



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dias de tormentas

As tormentas são grande, os dias que se passaram e os que chegam sempre são de efeitos constantes. Solidão!
O abandono que sinto doí-me a alma e a vontade de chorar é demonstrada em uma lágrima que mesmo oprimida insiste em escorrer em meu rosto.
 Marca um fio de quentura que meu coração tanto queria sentir perto do teu.

Tenho tido dias atribulados com tantos serviços e pensamentos que não deixam nem um instante me afastar de ti, mesmo assim não te sinto. 
O tormento é grande, como já falei, tem horas que sinto o imenso desejos de estar contigo, em teus bracos, pois neles sinto não só o prazer carnal, mas também a felicidade de saber que quando contigo estou nada me atinge, nada me aflige. Paz, silencio, os batimentos de teu coração marcam os segundos de felicidades que passamos juntos.  Esses momentos são raros, mas preciosos, mas ultimamente tu  tens sumido dos meus pensar, não mais consigo te sentir comigo, não sei o que houve ou que está acontecendo, todos os dias luto comigo para  te sentir novamente. E não está sendo possível. Por que? Onde tu estás? É como fumaça que dissipa  no ar. 
O tempo passa e com ele vai um dia e chega outro e não tem jeito em todos tu estás, a diferença é que não mais consigo te segurar.
Tu chegas devagar, me pega de mansinho e quando penso em perdurar esse pensar, simplesmente tu somes no ar, foges, me deixas em completa tormenta.
Assim passam os dias, assim passam as noites e neles tu sempre estas, sem ficar.
Volta! Vem me visitar! Ficas uma noite, um dia. Ficas, vamos nos amar.
Lamento os dias perdidos, as horas vencidas, todos sem ter vividos contigo!
Quero que tu sejas feliz, mesmo longe de mim, não tem problema não, mas seria tão maravilhoso, eu poder ouvir novamente o som da tua voz, ver o teu sorriso, sentir tua felicidade e saber o quanto és feliz mesmo não vivendo comigo.

Texto de Francisca Uchôa Souza

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29 de Outubro - Dia Nacional do Livro

A  data 29 de Outubro marca a comemoração do Dia Nacional do Livro.

Da primeira publicação no Brasil que foi com Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga e a fundação da Companhia Editora Nacional em 1925 por Monteiro Lobato, escritor e editor como também criador de Jeca Tatu e do encantado Sítio do Pica-pau Amarelo, muitas histórias já foram contadas, editadas, publicadas, vendidas, lidas, amadas, sonhadas...
Hoje o mercado editorial é vasto em plena expansão com uma agradável observação aos novos escritores como também uma crescente chegada de novos leitores, bom para todos.
É para comemorar, ainda é devagar, mas acredito que a tendencia é sempre ir pra frente, a implantação de novos meios como computador, tabletes, até mesmo de modelos avançados de celulares o leitor pode ler um livro em vários lugares, idiomas, formatos, assim fica mais comodo e pratico para entra em mundos vastos e emocionantes que é o dos livros.
E para comemorar este dia começo a ler uma obra que não é brasileira, mas conhecida de muitos e creio que marcante.
A jornada é longa e as aventuras com certeza emocionantes.
E que elas venham encher meu imaginário!

GEORGE R.R. MARTIN

A GUERRA DOS TRONOS

AS CRONICAS DE GELO E FOGO

LIVRO UM

PRÓLOGO

Deveríamos regressar - insistiu Gared quando os bosque começaram a escurecer ao redor do grupo. - Os selvagens estão mortos.
- Os mortos o assustam? - perguntou Sor Waymar Royce com não mais do que uma sugestão de sorriso no rosto.
Gared não mordeu a isca. Era um homem velho, com mais de cinquenta anos, e vira os nobres chegarem e partirem.
- Um morto é um morto - respondeu. - Nada temos a tratar com os mortos.
- Mas estão mortos? - perguntou Royce com suavidade. Que prova temos disso?

... A aventura continua... numa livraria mais próxima de você ou de um amigo que já leu e pode emprestar, este mundo de sonhos, que é ler um livro.


Texto e foto de Francisca Uchôa Souza



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Clarice Lispector - Frases

"(...) Mas não sou completa, não. Completa lembra realidade.
 Realidade é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo      me completando... mas falta um bocado".
                                                                    - Clarice Lispector -

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você  vê me passar". 
                                                                      - Clarice Lispector -    

"Se eu errar que seja por muito, por amar demais, por me integrar demais, por ter tentando ser feliz demais". 
                                                                        - Clarice Lispector -

"Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito".

                                                                         - Clarice Lispector -

"Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me". 
                                                                          - Clarice Lispector -

"Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver".
                                                                                       
                                                                            - Clarice Lispector -

"A felicidade aparece para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam em nossas vidas". 

                                                                              - Clarice Lispector -

"Eu  não sou tão triste assim, é que hoje estou cansada".

                                                                              - Clarice Lispector -   

Postado por Francisca Uchôa Souza

domingo, 26 de outubro de 2014

Com a ponta do dedo

Festa da Democracia! 
Segundo turno, segunda chance para todos, seja candidato seja eleitor. O importante é fazer parte desse momento que em muitos outros lugares gostariam de viver, participar, dizer um dia "eu escolhi eu participei".
Razões são muitas, adversidades são muitas também e é saudável para o estado democrático que vivemos e lutamos para que isso acontecesse.
Desde a democratização em nosso país, vivemos uma outra realidade e aprendendo com os tropeços e acertos, mas com a certeza que esse é o meio certo.
Em épocas de eleições sempre acontece os conflitos, as dúvidas os questionamentos.
Uma vez, já faz um certo tempo, li em uma revista que o presidente John F. Kennedy foi questionado por um cidadão sobre o que o país tinha pra fazer  por ele e o presidente respondeu " Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você  pode fazer por seu país". Nunca esqueci o que li e aprendi mais do que nunca fazer minha parte.
Por isso eu voto. Eu posso até não estar satisfeita com essa ou aquela situação, então por isso eu vou lá e faço minha escolha, minha opinião, pode ser que ela não seja a vencedora, mas vou estar consciente de que eu questionei e participei. Com a ponta do dedo fiz um pouco desta história.

Texto de Francisca Uchôa Souza.
Foto Francisca 
Uchôa Souza

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Manaus, menina morena - 345 anos

Manaus, menina morena – 345 anos

Parece que foi ontem,
E já se passaram 345 anos.
E tu continuas assim;
Linda, selvagem na alma,
Pura de coração, violada em todos os lados.
Rasgada por inteira, vasculhada nos preceitos.
Olhando o passado vê-se o pouco de ti que sobrou,
Vivendo o presente inconstante,
Na esperança de um futuro brilhante.
Manaus!
Todos te amam pelo teu sorriso,
Teus cabelos negros em uma pele morena,
Brilhando em um raio de sol de fim de tarde de verão.
Parabéns Manaus!
Menina morena, com brilho nos olhos,
Sedenta de dias de gloria.

Escrito por Francisca Uchôa Souza 
Fotos de Francisca Uchôa Souza



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Exílio

Sinto-me totalmente exilado. 
Sento diante a janela de meu quarto, do qual não quero sair.
Sair pra quê? Pra onde? Fazer o quê?
Essa privação que minha alma sente e meu corpo sofre desde o dia que resolveste ir embora, é penosa e massacrante, dia a dia, em todos os quartos de horas até o ciclo completar de um dia sem você.
Todos os dias que ti procuro e não acho, é um tormento.
Até as coisas que amava além de ti, se foram, morreram e em luto ficou minha alma que para ter um pouco de pausa dessa dor lastimável lembra-se do ultimo sorriso teu.
Estou mudo, sem rumo, sem prumo, com medo do mundo, de um mundo sem você que sempre foi a razão do meu viver, a alegria que todos os dias nascia quando te via em constante prazer.
Sinto-me exilado, de ti, de mim.
O vazio que minha alma sente é tanta que não consigo ver o tamanho dessa montanha que se chama solidão.
O exílio só não se torna pior porque todos os dias busco em todos os cantos de minha pequena e machucada alma a esperança de qualquer momento ter noticias tuas.
Sei bem o que fizeste e tu bem sabes o efeito que isso me casou.
Agiste com crueldade e dureza na decisão de se separar de mim e sumiste sem deixar ao menos um adeus.
Lembro ainda o último dia que ti vi, era um dia de festa e felicidade e eu sem saber te beijei e amei.
Quando novamente te busquei não mais te achei, já tinhas ido, no silêncio, na surdina, na calada da noite, num descuido meu.
Saíste como um ladrão, sem culpa, sem perdão, depois de roubar.
Roubaste não só minha vida, levaste minhas esperanças de um dia ser feliz contigo.
O que faço agora? Sem te, sem mim!
Dou queixas a quem? A vida? Ao amor? 
Não adianta, esses também foram roubados, magoados, deixados para trás...
Tudo de bom que vivemos tu levaste. Não sei pra quê? Afinal, apenas a mim interessava, já que tu não quiseste permanecer com a gente aqui, reunidos em um grande viver.
Nunca pensei que um dia tu fizeste isso comigo, que tanto te amei e só amei.
O exílio é doloroso, mas a louca esperança ainda insiste a dizer-me que um dia tu vais voltar, nem que seja pra dessa vez tu olhando em meus olhos dizer: adeus! 

Escrito por Francisca Uchôa Souza 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Olhar desabrigado

Olhar desabrigado de si de ti.

Olhar desabrigado diante do espelho sem nenhum reflexo, pois sua alma já expirou.
Olhar desabrigado a procura no horizonte de um norte que se foi.
Olhar desabrigado em busca frenética de um espaço que já deve estar ocupado em outro olhar.
Olhar desabrigado porque não consegue entender um amor que tem que ser com correntes.
Olhar desabrigado solitário com um engasgo que sufoca toda uma vida sem vida.
Olhar desabrigado sem si, porque se perdeu em uma outra vida sem ser vivida.
Olhar desabrigado sem ti, que fugiu levando toda uma vida sentida.
Olhar desabrigado perdido, sofrido, vagando e na esperança de um dia ser novamente refletido.
Olhar desabrigado que vagueia em busca de ti sem saber onde te encontrar.
Olhar desabrigado... 

Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A janela e o rio

A janela e o rio
A janela que faz parte da casa (dos fundos da cozinha) nunca é fechada, pode amanhecer, pode anoitecer, pode fazer sol, pode chover, não importa, nunca é fechada.
 Talvez porque fica bem alto, longe do chão, os moradores dali tem esse costume a casa sempre é acima do chão uns três metros, assim vivem, assim são felizes.
Felizes também são por estarem dentro da natureza, envolvidos por ela, o rio que passa perto da comunidade é o suficiente para alimentar e sanar tantas outras necessidades vitais.
A mata, a floresta a bem dizer, é também um grande suporte em alimentação, curas, artesanatos e tantas outras utilidades, e eles, os ribeirinhos, sabem muito bem a importância daquele tapete verde.
Das janelas vê-se tudo, o começo e o fim.
O começo do dia, quando o sol se levanta e com seus raios vai penetrando no meio das árvores, por entre seus galhos e folhas até chegar nas brechas das paredes das casas dos moradores que a  essa altura muitos já estão de pés para receber em seus peitos e vidas os raios de uma nova oportunidade de viver e trabalhar. É a hora de fazer o primeiro alimento e depositar as esperanças naquele novo dia.
A janela da frente é aberta e uma brisa vinda do grande rio é soprada no rosto de quem enfrenta os primeiros raios de sol, o vento entra, e vai visitando cada cantinho da casa e seus moradores.
Na cozinha começa a movimentação, perto da janela que nunca é fechada, está o fogão, é dele que sai uma fumaça que anuncia que o novo amanhecer deve ser alimentado. Da mesma janela vê-se a curva que o rio faz, e ele também recebe em suas calmas águas os primeiros e claros brilhos dos raios do sol que anuncia que aquele vai ser mais um dia quente, cheio de vidas. É a vida que começa é a vida em movimento.
Os pássaros cantam, o galo canta, as revoadas de pássaros já movimentam-se num céu que começa a ficar azul e cada despertar é a certeza de que a vida também acorda e com ela o tempo começa a contar.
O dia passa, horas quieto, horas num afobar. Sempre tem um cantar, hora por cima hora por baixo, na beira do rio sempre um barulho de nadar, pular, balançar, são os "curumins" dando mais vida ao lugar, são vidas de dentro do rio que hora mergulha, que hora sai para se secar e um banho de sol a tomar.
Quando o sol já está a pino refletindo por inteiro todo o povoado sabe-se que é hora de almoçar. Da janela dos fundos da cozinha (a que nunca fecha) os curumins que brincam na beira do rio, percebem e veem que devem entrar. Eles que tanto brincaram, mas também ajudaram o pai, se encaminham em direção ao cheiro do peixe que cozinha no panelão, levado pela a fumaça e indo em direção a janela (a que nunca fecha).
Quando todos já sentados a mesa e comem o peixe com farinha e banana a alegria é constante, os curumins riem os adultos comem um pouco em silêncio e quando falam pouco se escuta é um sussurrar. É hora do alimentar.
O pai sempre senta em uma posição que seja qual for o dia qual for a hora terá a visão voltada para a janela que nunca fecha e através dela vê-se o grande rio que corre em direção a vida, dando o viver e o morrer. Quando já saciado do alimento, ele, o pai, fica quieto e com um olhar de concentração fica a admirar o rio que com todo seu esplendor mostrando-se forte e poderoso. É um rio comprido largo, que ele tanto admira, passa diante a janela que nunca fecha. O pai, concentrado fica lembrando que quando criança via o grande rio passando e seu pai vendo a mesma cena pela a janela que nunca fecha. São lembranças distantes e lembranças presentes, constantes, de vidas que vão e vem, renovam-se.
A concentração  é interrompida pelas gargalhadas dos curumins que já não estão mais a mesa e sim na varanda brincando, hora rindo hora gritando.
Ele, o pai, sabe que um dia um de seus filhos com certeza terá o lugar que hoje ele estar. O rio, o mesmo que um dia ele viu seu pai concentrado assistindo sua passagem e hoje é repetido com o seu olhar.
Depois do almoço os adultos costumam deitar em suas redes para um breve descanso, os curumins aquietam-se também, algumas dormem, algumas respeitam o silenciar.
O cantar do galo anuncia a tarde de um dia que deve continuar. Da janela que nunca fecha sai uma pequena fumaça vinda do fogão que já na ativa mantêm quente um mingau para um breve alimentar. Todos levantam, a vida deve seguir, os trabalhos se intensificam, o barulho do roçar do cortar, do bater, da alegria de gente pequena experimentando o que fazer.
A noite chega. Com ela vem  trazendo de volta os pássaros com seus granar. Os galhos das árvores são remexidos e a algazarras dos pássaros é compreendida. Todos querem um canto para deitar.
Todos entram em casa. Os curumins sabem que não é mais hora de brincar, o medo ronda a casa, ronda os espíritos. O pai tranca as portas e as janelas mais baixas, a dos fundo não. Por ela e entre as brechas das paredes percebe-se os raios da lua que chega para visitar, a janta é servida.
Todos em silêncio saboreiam um caldo de peixe bem cozido. Silêncio! Da janela vê-se nas águas do grande rio, o brilho da lua que ilumina todo o vilarejo e nas palhas dos telhados repousa a luz da longa noite que há de vir fazendo descansar todos que ali tiveram um grande e movimentado dia.
Quase todos já foram se deitar depois de saciarem o alimentar, o pai fica ainda sentado olhando para a janela que nunca fecha é por ela que consegue deslumbrar a grandiosidade do rio que corre ao longo de toda a margem de várias vidas que ali vivem.
O pai levanta-se e dirigi-se a janela que nunca fecha coloca-se bem próximo a ela e inspira profundo para sentir seu peito encher-se de vida e em seguida soltar bem devagarinho em direção do sair da janela que nunca fecha. Amanhã, tudo de novo começa. O sol nasce e tudo renova-se em cada movimento seja no ar, no rio grande ou em terra e da janela que nunca se fecha a vida passa a desfilar seja de alegria, tristeza, saudade, medo, aventura, escuro, brilhar, seja preto e branco até colorido novamente ficar.

Texto de Francisca Uchôa Souza.
 Foto arte de Francisca Uchôa Souza

                                              Foto de Gisele Braga Alfaia
                                              Lago  Janauacá

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Um novo amigo

 Um novo amigo
É visceral, medonho, doloroso e devastador. São sintomas racionais e não racionais, não importa, o coração já não consegue mais definir a alma vai ao embalo como um barco perdido no oceano em uma grande tempestade com raios e trovões. O espírito, esse coitado, está perdido sem saber onde foi parar e por quais motivos. Os dias estão se arrastando e numa tempestade de horas, minutos e segundos equivalentes vou me jogando na vida para que ela passe, mas passe mesmo seja lá como for, mas passe, nada mais importa tudo está cinza, não há cor, tudo se foi, você se foi. Cansado sentei em um banco de praça observei a paisagem e vi crianças, adultos, pássaros, até alguns cachorros, que por descuidos estavam ali, digo descuidos, porque os cachorros não são bem vindos a praças, eu estava ali, assim como eles, não me sentia bem vindo aquele local, igual aos cachorros.
As pessoas reclamam que os cachorros sujam as calçadas com seus cocos e pessoas tristes e abandonadas (como eu) de certa forma também enfeiam as paisagens das praças. Mas fiquei ali, assim, como os cachorros, que por descuidos ali estavam enfeando a praça. Sentia-me totalmente abandonado, largado, esquecido, um descuido da vida, do mundo, um descuido de você.
Fechei os olhos, precisava encontrar você em algum canto de mim. Não encontrei. Abri os olhos e levei um pequeno susto, um daqueles cachorros largados na praça, estava sentado olhando pra mim, bem ali, bem na minha frente. Fiquei incrédulo, “não, não é verdade!” Assim já é demais! O sentimento de abandono e largado aumentou e percebi através dos olhos daquele animal que eu era de verdade mais um deles. Fechei os olhos novamente, respirei fundo, e pensei “não posso  perder assim minha dignidade, não posso ser um cão largado, abandonado”. Mas na realidade, o que sou de verdade sem você? Dizem que, quem ama cuida. Então não sou amado? Tudo foi mentira?
Mantive os olhos fechados e levemente virei um pouco à cabeça para trás e a encostei no encosto do banco, parei, fiquei quieto, a respiração bem leve e novamente busquei você. Não achei. Tudo cinza. Cadê você?
Senti medo, mas continuei quieto, procurei ouvir os barulhos em minha volta, escutei as crianças, rindo, gritando, uma mãe falando com seu pequeno, os carros que passavam por perto e uma voz anunciando sorvete, o bater das asas dos pombos, que ali também estavam, e dos cachorros nada eu ouvia. Talvez porque como eram importunos naquele ambiente ficam quietos para não serem notados e expulsos. Silêncio! Procurei novamente por você e não encontrei. Por que você não está mais aqui? Abri os olhos e sem mais sustos vi que o cachorro ainda estava ali. Acreditem de olhos também fechados, esperei um pouco, depois percebi que ele também abria os olhos e olhava para mim. Era um cachorro de cor cinza, olhos negros e graúdos, um pouco gordinho para um cachorro sozinho. Num impulso afetivo passei a mão em sua cabeça e seu focinho, ele riu, sim, ele riu com seus olhos graúdos que se encheram de brilho e de presente deu um leve latido. Olhei para os lados na esperança que ninguém tivesse percebido aquele cachorro vadio se exibindo para mim. Tive um breve medo de ser expulso dali junto com o meu novo amigo, sim, já o considerava assim, amigo.
O tempo estava mudando e uma pequena brisa passou por mim novamente meus pensamentos voltaram para você, fiquei olhando pro nada e nele pensava te encontrar e dizer: - volta pra mim!
Na visão do meu nada, nada tinha de você, como isso tinha acontecido? Você saiu de mim sem eu perceber, agora em um desespero tento de todas as formas te encontrar e não consigo. Sinto tanto tua falta, quando vou dormir não estás mais comigo, nos meus sonhos tu não estás também e quando acordo e levanto não te vejo mais nos cantos do meu quarto e em toda a casa. O que devo fazer pra te ter de volta? Minha vida ficou assim, sem razão, sem motivos, sem cor, quando abro o álbum de fotos de nossas vidas e ali não te encontro, é uma tristeza só, é uma vida vazia.
Sem querer pisei no rabo do cachorro que sem eu ver deitou-se perto de mim, fiz um afogo em sua cabeça como um pedido de desculpas e logo vi que ria novamente pra mim. Os cachorros são assim, fieis, e não guardam sentimentos negativos, perdoam, também sou assim, garanto a você que assim que se decidir novamente voltar pra mim, te cobrirei de beijos e abraços e seremos novamente felizes, como naquele tempo que quando eu ia dormir bastava fechar os olhos e você já aparecia rindo pra mim.
Agora estou aqui, sentado em um banco de praça, largado, abandonado como um cachorro vadio.  Quem sabe esse novo amigo também não foi abandonado por um amor que decidiu também sumir?
Estamos aqui, nós dois, eu e o meu novo amigo, esperando por vocês, na esperança que um dia a saudade também as visite. 

Texto de Francisca Uchôa Souza.
Foto de Francisca Uchôa Souza





sexta-feira, 11 de julho de 2014

AUSÊNCIA - Carlos D. Andrade

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca tão apegada, aconchegada nos meus braços,
Que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.

# - Carlos Drummond de Andrade
Postagem e desenho de Francisca Uchôa Souza

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Acabou! Uma prece!


 É um misto de dor, tristeza e muita decepção, sentimentos que rolam de dentro pra fora, de fora para dentro, o coração se aperta aquieta-se dentro do peito procura de alguma forma encontrar um meio uma saída para menos sofrer. Mas não tem jeito, o jeito mesmo é curtir a tristeza. É verdade, essa não é a primeira vez que a Seleção do Brasil perde um Mundial e provavelmente não será a ultima. O que doí é que para muitos é a primeira vez, aí não tem jeito, é decepção até a alma.
A noite de ontem foi difícil e custou a passar, eu e todos aqueles que estavam envolvidos no mesmo sonho, sofreu, e foi difícil dormir e sem sonhos, só com um pesadelo.

Sabemos que a vida continua e nela inserido todos os outros problemas crucias que um país como o Brasil tem. Muitos brasileiros não quiseram torcer, se envolver nessa aventura de um novo titulo no futebol e olha que já temos cinco, somos Penta, é o direito deles. O que é ruim são comentários desnecessários que povoam todos os ambientes de comunicações, claro que todos podem demostrar seus sentimentos sejam a favor ou contra. Pessoas com o mínimo de percepção sócio-política entende e sabe o que está acontecendo no desenvolvimento do país. São tantos os problemas de todas as ordens que seria desnecessário aqui citar, mas que estão dia a dia no convivo de todos, torcendo ou não pela Seleção Brasileira.

Existem setores que afetam diretamente todos aqueles que necessitam de alguma forma passar por ali e posso dizer de experiência própria que é terrível, conheço algumas pessoas que trabalham nesses setores e comentam agruras e algumas destilam maus sentimentos em prol de tal situação ao ponto de acharem que outras pessoas não devem se envolver em eventos como este que está já no fim, a Copa do Mundo. O fato de alguém estar envolvido em um evento como este não quer dizer que a pessoa está alheia a outros assuntos muito sérios em relação ao desenvolvimento do país. Será que pelo fato de não termos uma vida top dez em desenvolvimento de educação, saúde, mobilidade, saneamento básico, etc... Não podemos por um curto período sermos felizes ou sonhar com tal felicidade? É isso? Problemas sempre existiram e existirão, somos humanos, não somos perfeitos. Um viaduto caiu e matou duas pessoas, brasileiros, que sonhavam com um Brasil melhor, quem sabe até com o Hexa, e o que a Seleção Brasileira tem de responsabilidade neste sinistro? Então, quem devemos culpar?

Estamos prestas a viver um novo evento, uma nova batalha, em Outubro acontecerão as Eleições e nessa modalidade devemos nos aprimorar mais, devemos nos fortalecer e entrar no jogo para fazer gol e ganhar. Será uma nova oportunidade de formamos uma nova seleção com jogadores preparados e compromissados com todos nós e com o Brasil. Apontamos os dedos e muitas vezes citamos nomes de pessoas que estão no poder e são responsáveis por más administrações e até enganam, roubam. Mas quantos dentre nós também fazem as mesmas coisas? Desviam valores monetários, luz, água, internet e tantas outras coisas, furam filas, estacionam onde não devem, usufruam de direitos que não são seus?

Ah! Mas é pouca coisa, na frente dos que esses bandidos de gravatas fazem! Assim muitos respondem. Será mesmo? O cidadão que fura a fila de um banco ou estaciona em um lugar errado para ele, será melhor do que desvia ou dá uma carteirada num agente de trânsito usando a velha frase “você sabe com quem está falando”?

Que Brasil queremos? Que Brasil estará melhor para podermos torcer no futuro pela uma nova Seleção Brasileira? Sem medo de ser criticados por aqueles que verem tantos erros, mas que muitos deles os praticam e dizem “se eles fazem (os Políticos) eu também faço”. 

Então, a oportunidade está chegando, e vamos nos empenhar nesta nova batalha. Quem sabe que daqui a quatro anos estaremos melhores? Quem sabe estaremos melhores para um Hexa sem culpa?
Hoje quando acordei de uma noite meio mal dormida ainda carregava uma sensação de perda e tristeza, fiquei pensando no que iria escrever para aliviar minha alma. Sentia necessidade de ler algo que me confortasse e que lavasse minha alma, meu espirito, meu corpo, meu eu. Como gosto de ler e escrever precisava de alguma leitura que fizesse isso por mim. Fui até minha estante e diante de tantos livros, caminhos, histórias, aventuras, vidas... Meus olhos pousaram em Fernando Pessoa e num ímpeto de esperança peguei o livro como se pega a uma salvação, folheie e encontrei. Quando terminei de ler e com a alma limpa, decidi dividir.
Texto de Francisca Uchôa Souza

PRECE

Senhor, a noite veio e a alma é vil.

Tanto foi a tormenta e a vontade!

Restam-nos hoje, no silêncio hostil,

O mar universal e a saudade. 

Mas a chama, que a vida em nós criou,

Se ainda há vida ainda não é finda.

O frio morto em cinzas a ocultou:

A mão do vento pode erguê-la ainda. 

Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –

Com que a chama do esforço e remoça,

E outra vez conquistaremos a Distância –

Do mar ou outra, mas que seja nossa!

# Fernando Pessoa – Mensagem




quarta-feira, 25 de junho de 2014

Música tema Canal 100 - Waldir Calmon - Na Cadencia do Samba (Que Bonito...




Waldir Calmon Gomes - 30/01/1919 - 11/04/1982
Pianista e compositor brasileiro de grande sucesso nos anos 50.
Gravou a música tema do extinto Canal 100 - Na Cadência do Samba (Que bonito É)
Uma música que todas às vezes que é tocada, escutada, remente sempre para o brasileiro o grande amor que ele tem ao seu esporte favorito, o Futebol.
Claro que nesta ocasião em que a Copa do Mundo está sendo realizada no Brasil, não poderia ser diferente, as emoções estão a flor da pele e se escuta esta música e ver-se imagens dos nossos jogadores, pronto, é vibração e emoção.
Manaus foi sede da Copa e fez bonito! Que bonito É!


Na cadência do Samba (Que bonito É)


Que bonito é
Ver um samba no terreiro
Assistir a um batuqueiro
Numa roda improvisar 


Que bonito é
A mulata requebrando
Os tambores repicando
Uma escola desfilar 


Que bonito é
Pela noite enluarada
Numa trova apaixonada
Um cantor desabafar 


Que bonito é
Gafieira salão nobre
Seja rico, seja pobre
Todo mundo a sambar 


O samba é romance
O samba é fantasia
O samba é sentimento
O samba é alegria 


Bate que vá batendo
A cadência boa que o samba tem
Bate que repicando
Pandeiro vai, tamborim também

Foto tirada na rua 28 de Agosto no bairro do Morro da Liberdade - Manaus -Am





Postagem de Francisca Uchôa Souza.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sejam bem- vindos!

Faltando apenas alguns dias para o início da Copa do Mundo, Manaus passa pelos últimos retoques em todos os sentidos de preparação para que faça valer sua escolha de ser uma das sedes deste grande evento. São muitos os comentários,  desde os mais valiosos até os mais maledicentes. Agora já está em cima da hora, a festa já iniciou e o que falta é só os protagonistas entrarem em campo, e vamos que vamos. É torcer para que tudo saia da melhor forma possível e possamos sermos bons anfitriões é nossa casa é nosso dever receber todos com alegria e felicidade. Problemas sempre vão existir com ou sem Copa.
Aqui em Manaus a festa ocorrerá em ritmo Amazônico com todos os atributos que  a região destaca desde no âmbito cultural que vai da rica culinária as artes em geral.
Existe uma grande expectativa para receber todos os visitantes e mostrar todas as belezas que aqui se encontram no seio da grande e maravilhosa Floresta Amazônica. 

Sejam bem - vindos!


Postado por Francisca Uchôa Souza.


Foto Chico Batata.












sexta-feira, 4 de abril de 2014

Voltando das cinzas

É hora de voltar a viver o que se ama. O tempo tem passado e graças aos desejos de continuar a viver todas as tristezas e mágoas sumiram.
É tempo de abrir as janelas, portas... E o coração.
É preciso que toda poeira todas as lembranças ruins sejam removida, para que todos os espaços sejam ocupados apenas com bons sentimentos, para que uma nova vida renasça  e viva para seguir um só caminho, o do amor.
Muitas das vezes é necessário que algo morra para que outra nasça e dali seguir.
Sentir novamente a brisa fria e fina passando suavemente pelo rosto, roçando os cílios e atravessando através dos cabelos e deixando a sensação de que é valido viver,  viver para ser feliz não importa como nem onde e muito mesmos com quem, é a razão. Ser feliz para lembrar que um dia tudo foi vivido, perdido, sofrido, mas que a vida pode renascer das cinzas sim, e como Fênix renascer novamente, para seguir mesmo sem você.
Mas sei que não é bem assim, mesmo eu querendo viver um novo amanhecer minha alma como Fênix insiste em não querer viver sem você.
Fecho os olhos e procuro por mim, onde estou?
Não sei!
Sinto falta de mim. O vazio, o silêncio, vagueam, rondam minha alma que em quase desespero paira no ar. Fica quieta, espera, percebe, sente, sua sobrevivência só é possível se você renascer novamente. É como a Fênix. Então deixamos, abro os braços e recebo você novamente. Voltas pra mim!
Volta pra mim! Volta?

Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sou visceral!


Sou visceral!

Não tenho sangue frio, sangue de barata como muitos dizem por aí.

Sou sangue quente, como de um leão, de um tigre ou de uma onça, não importa, sou visceral.

Quando amo, sou assim, sinto no corpo na alma, vou fundo, bem profundo, me jogo.

E quando decido me despojar por este amor não tiro só as roupas. Tiro tudo, arranco o couro, a pele como dizem, camada por camada, chego à carne, sangro, delírio...

Dilacero a alma se preciso, arrebato, me entrego, sou profunda e vicio.

Vivo o que é preciso, e o amor é exigente, cobra, denuncia, escandaliza e desliza.

Sou visceral!                    

Não sei ser esperada, vou antes do tempo, não me importo com regras. Pra quê isso no amor? 

O tempo passa e não perdoa o amor não envelhece a gente sabe, mas nossos corpos sim, e o que eu podia ontem fazer hoje talvez não, por isso tenho que ser visceral, sem demoras, sem longas.

Grito, choro, questiono, não quero saber de danos consequentes e sim de resultados urgentes eloquentes passionais para uma vida que arrebata emoções presentes.

Sou visceral!

Saudades, não deixo entrar em minha vida, vou a busca do ausente e o torno presente, como palpável a luz do dia ou em sonhos de noites turbulentas e sangrentas, porque sou visceral, arranco o que encontro pela frente em busca do objetivo, do motivo vivente.

Não permito exigências, regras, porque o tempo passa, voa, e nesse ínterim a vida vai junto arrastando o que vi, senti ou o que deixei por negligencia ou ausência de momentos perdidos. Por isso aprendi mesmo contra o gosto, mas que hoje valorizo, a ser visceral, arrebentando o corpo a alma, não importa, o que vale é ser sangue quente e amar por inteiro uma paixão mesmo que em torrentes.

Sou visceral!
Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza



Almas que transcedem


Aquelas manhãs que gostaria de não levantar.
Ficar deitada e virando de um lado para o outro é a solução.

Não consigo dormir e nem despertar, os pensamentos vagueiam, ora aqui, ora ali.

De olhos serrados tento imaginar o possível e o impossível, o certo mesmo é que o improvável sempre vence. É difícil imaginar você em minha vida, como também o difícil imaginar ela sem você.

O despojamento de minha alma não resiste a tanta imaginação e como uma alma nua sem nada a esconder vagueia entre o racional o provável imaginário e aquele absurdo de todos, eu e você.

Um eu em sofreguidão em soluços parto atrás de uma razão da lógica em porque não estamos juntos.

Minha alma não se importa não quer saber de razões e lógicas, como uma pena solta flutua entre todos os espaços, cabendo em lugares imaginários vivendo emoções sem tormentos e comoções.

É o movimento que a deixa livre e capaz de trazer você até a mim. Conforto-me em sentir apenas uma breve e pequena noção de imaginar estar perto de você.

Procuro nem respirar profundamente, sinto que qualquer vacilar você se dissipa, some, evapora no ar.

Finalmente estamos juntos, sinto teu cheiro, toco em tua pele e a sinto quente, vivo, presente.

Abro tua blusa e pouso minha mão em teu peito, teu coração acelera estais feliz em me ver. A emoção é intensa nossos corpos não resistem e nos entrelaçamos em corpos vivos, quentes, ardentes, sofridos, a espera acabou o momento é único, não podemos mais deixar passar, é a explosão de uma paixão sem lógicas, sem razões, apenas emoções...

Os corpos rodopiando entre o delinear da razão e da paixão, e no momento está longe de ser qualquer opção, seja paixã ou razão. Sentir o gosto de tua boca, o aperto de teus braços e o pulsar de nossos corações em um momento de um êxtase guardado há tanto tempo, nossas almas transcendem. Sem ar desperto para a razão. Abro os olhos e percebo que apenas foi um rápido serenar de minha alma que com pena de mim me fez sonhar. Há pouco estava contigo, agora novamente estou sozinha, somente com os lembrar.
Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Deixa-me sair


Deixa-me sair?
Não!
Não consigo mais respirar direito, o local é pequeno, escuro e abafado...
Deixa-me sair?
Não!
Já se passaram tanto tempo, bom, penso que já se passaram bastante tempo.
Aqui perdi a noção do tempo.
Deixa-me sair?
Não!
Disse que “penso”, mas acredito que não sejam mais pensamentos racionais, por isso não tenho com certeza a razão lógica do tempo e do penso. A razão lógica do pensamento, por exemplo, do porque vim parar aqui, a razão do abandono e da escuridão?
Deixa-me sair?
Não!
Às vezes, somente às vezes, não é sempre, pelos menos nos últimos tempos (que não sei mais quanto...) sinto frio, mas não é o frio que queima a pele, os ossos, é o frio que queima sim, dói, sufoca endurece a alma, o peito. Esse sim é o pior de todos os frios. Fico quieto, encolho-me diante da situação e com a cabeça entre as mãos para poder abafar um pouco o barulho do silêncio, sinto a sentença do amor.
Deixa-me sair?
Não!

Há pouco falei de “amor”. É amor mesmo?
Silêncio...
Responda é amor? Estou sentenciado por ter sido egoísta e ter uma forma diferente de amar.
Qual é a forma certa?
Silêncio...
Você que me julgou, condenou e sentenciou-me, diz; qual é a forma certa de se amar?
Silêncio...
Ainda estais aí?
O silêncio perdura...
Deixa-me sair?
O silêncio se rompe.
Eu... Eu... Eu preciso ir embora, outro dia volto...
Nãããooo! Fique! Por favor!
Silêncio...
Preciso tanto de companhia, sei que você não me quer como tal, então...
Deixa-me sair?
Silêncio...
Nesse instante o silêncio do ambiente de ambos os lados é rompido por um soluçar.
Não posso!( Sai uma voz embargada por soluços e gemer).
Não posso, não posso você é um monstro!
Dilacerou meu coração minha vida e a razão do meu viver.
Você acha que pra mim é fácil viver? Não!
 Aliás, não vivo, sobrevivo uma vida que restou de uma que você destruiu.
Odeio você! E um dia serei capaz de destrui-lo totalmente de dentro deste quarto. Você reclama da sua prisão, solidão, escuridão, mas já percebeu que não estar só?
Você acha mesmo que vejo o sol como outrora? Que sinto o vento do início e fim do dia como sentia antes? Que as estrelas ainda brilham para mim, como no tempo em que achava que tinha um amor fiel e que me amava? Você acha que ainda escuto o som do meu coração? Estamos surdos e mudos num mundo sem som, vagamos pelas noites escuras em busca de uma luz, uma brisa para arrancar a queimação de um corpo que arde como estivesse nas profundezas de um inferno dantesco, vagamos em uma floresta negra com sussurros horripilantes cheia de árvores de formas assustadoras que cobrem todo um céu sem chance nenhuma de ver um brilho pardo de uma estrela que seja no infinito da escuridão.
Soluços...
Silêncio...Você acha que sofre só? Que só você sente dor? Abandono?
E a dor de um peito que vive sem saber como sair de um quarto escuro no qual vive o monstro que ali lhe colocou e lá também ficou?
Agora sou eu que peço.  Deixa-me sair?
Silêncio...

Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza
Desenho de Claudio Jr.








quinta-feira, 2 de janeiro de 2014


Não tenho medo de ficar só.
Gosto de mim!
Gosto de falar comigo e de me ouvir.
Não tenho medo de ficar só comigo.
Sou uma boa companhia, mesmo nos momentos tristes.
Gosto de ficar me avaliando pra saber onde errei.
Gosto de discutir comigo assuntos que só eu mesma entendo.
Sei que muitas pessoas me acham chata, até esnobe. Eu também devo dizer que muitas vezes fico com raiva de mim. Com raiva por ser coração mole e sempre acreditar que da outra vez vai ser melhor.
E às vezes não é! Aí eu fico com raiva de mim.
Mas eu gosto às vezes de ficar só e ouvir meus pensamentos.
Muitas vezes brigamos eu com eu, assim mesmo, só não saio no tapa porque me recuso a bater ou apanhar. Tem dias que a gente fica “de mal” igual quando criança e que brigávamos com o coleguinha.
Eu gosto de ficar só.
Ficar comigo, só comigo pode ser agradável ou simplesmente irritante vai depender do que está acontecendo ao meu redor.
Gosto de ficar só pra sonhar, ler, viajar (nos livros, nas músicas, nos pensamentos...)
Às vezes é assustador ficar só comigo mesma, mas eu enfrento e vou em frente, enfrento fantasmas, monstros, bruxas, medos, medos, eu.
Gosto de muitas vezes ficar sozinha, são momentos únicos, raros e quando acontecem sempre procuro viver o melhor que for possível para eu aprender que mesmo ficar sozinha é bom o melhor é ficar contigo.
Escrito e postado por Francisca Uchôa Souza

Desenho de Francisca Uchôa Souza