domingo, 20 de março de 2016

A Dança - Pablo Neruda

 A Dança

Não te amo como se fosse uma rosa ou topázio
Ou a flecha de cravos, que o fogo lança.
Amo-te como certas coisas escuras devem ser amadas,
Em segredos, entre as sombras e a alma.
Amo-te como a planta que não floresce e carrega,
Escondido dentro de si, as luzes de todas as flores.
E, graças ao teu amor, escura no meu corpo.
Vive a densa fragrância que cresce da terra.
Amo-te sem saber como ou quando ou de onde.
Amo-te tal como és sem complexo nem orgulhos.
Amo-te assim porque não sei outro caminho além deste.
Onde não existo eu nem tu.
Tão perto que a tua mão no meu peito é a minha mão.
Tão perto que quando fechas os olhos, adormeço.

PABLO NERUDA – 12/06/1904 – 23/09/1973 

Postagem e desenho de Francisca Uchôa Souza

Dança das luzes e flores.
                                          

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