quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma história com a ópera em atos


Uma história com a ópera em atos.
I ato.
Agora com as prenuncias do inicio de uma nova temporada do Festival  Amazonas de Ópera, estive outro dia pensando e lembrando como essa paixão por ópera, músicas clássicas, músicas sacras, jazz, blues, orquestradas... Enfim músicas que denotam uma qualidade de audição refinada diferente das cotidianas, tanto me fascinam. Mas agora vou contar como a ópera foi inserida em minha vida e eu envolvida com a mesma sem ao menos saber do que se tratava nunca ninguém me ensinou ou disse o que era uma ópera, se tal melodia era de algum compositor erudito ou não. Cresci ouvindo aqui, ali, algumas vezes essas músicas sem saber do que se tratava. Quando tinha uns sete a oito anos tive alguns vizinhos que de alguma forma inseriram a música e até a ópera em minha vida e só depois de muitos anos vim descobrir do que se tratava. Hoje me recordo e quero muito transcrever o que eu vivi e fez com que eu chegasse aonde cheguei amando a música erudita, jazz, blues... A ópera!
Tive uma vizinha que tinha quatro filhos, todos já eram jovens rapazes e uma moça, Cristóvão, Celso, César e Célia. Eu era uma criança que gostava muito de brincar fora de casa (naquele tempo não havia o perigo de hoje) como quase todas as crianças daquela época e na casa de dona Valquíria, mãe dos jovens citados acima, lá não havia criança e por isso eu era tão querida e aceita e eu por minha parte adorava lá estar, além do chamego e dos doces que comia, gostava muito de ver Célia tocar um piano que lá tinha. Pois é, esse foi meu primeiro contato com a música erudita, com a ópera, às vezes que eu ouvia alguém tocando aquele piano eu corria para ver quem era e poder ver aquelas teclas brancas sendo tocadas pelas pontas dos dedos. Célia era quem mais tocava e eu gostava, lembro que sempre que isso acontecia, eu sempre ficava na sala olhando o vai e vem de suas mãos sobre aquele teclado, não entendia nada só sentia que era gostoso ouvir aquelas músicas. Dona Valquíria e Sr. Cristóvão eram os pais dos jovens, era um casal feliz e todos viviam em harmonia e eu lá no meio deles feliz também, era bom estar ali.
Um dia Célia disse assim: - “Francisquinha vou tocar uma música e quero que você preste atenção e escute com o coração”. Eu não entendi nada, mas escutei. Era uma melodia calma, serena, momentos fortes e tristes, mas gostei, depois fui brincar e esqueci. Uma vez sentei no banco que tinha em frente ao piano e levantei a tampa dele, olhei para aquelas teclas, mas não tive coragem de nelas tocar, olhei para baixo e vi que minhas pernas eram curtas e por isso meus pés não alcançavam uns pequenos pedais que embaixo tinha.
Um dia acordei e fiquei sabendo que eles iriam se mudar e com eles o piano foi junto. Lembro-me do dia da mudança, fiquei de longe assistindo vendo o vai e vem dos ajudantes e a preocupação da Célia com seu piano. Não quis me despedir deles, fiz de conta que eles estavam indo viajar e voltariam mais tarde. Mas não voltaram e eu nunca mais vi aquele lindo piano preto com suas teclas brancas.
Hoje sei exatamente que música era aquela que a Célia tocou pra eu ouvir, era Nocturne de Chopin, música tocada e ouvida já em novelas, cinema, concertos... Também sei o que significa ouvir com o coração, hoje minha alma dança quando escuto uma música que me faz feliz, seja ela clássica, seja um rock, um blues, um jazz ou uma toada de boi... Obrigada Célia! Continua...
Texto por Francisca Uchôa Souza.
Foto que copiei da busca do Google, era mais ou menos assim o piano que tinha na casa de Célia




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